Natal para uns é sinônimo de muita fartura em todos os sentidos.
Já para muitos, é um sentimento apenas em que um dia, dias melhores virão. E para outros o sentido do nome "esperança" já não habita mais em seus corações.
25 de Dezembro. Esta época do ano, o índice de maior estragos de comidas nos maiores centros urbanos em todo planeta é superior e que da para alimentar uma cidade com a população de mais de 300 mil pessoas em um mês. Essa data já teve um grande significado para mim. Meus olhos fechados para os problemas da vida. Sem o total conhecimento assim como hoje esse conhecimento fez com que minha fé ao próximo, brotou de forma inesperada e desesperadora.
Jamais reclame dos problemas da vida. Jamais afirme que Deus te abandonou.
Existem pessoas nesse mundo que precisa muito mais dele do que você.
A riqueza de poucos tem seus alicerces sobre a pobreza de muitos.
Isso tem que continuar?
O relatório da FAO-2008 (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) aponta que o compromisso assumido em 2000, de acabar com a fome no mundo até 2015, não será alcançado. Em 2000, os “famintos” eram 842 milhões; no final de 2007, 923 milhões: – 583, na Ásia e Oceania; 236, na África; 51, na América Latina e Caribe; 37, no Oriente Médio e 16, nos chamados países desenvolvidos.
“Para salvar os famintos, bastariam 30 bilhões de dólares ao ano”, declarou Jacques Diouf, diretor da entidade. O dinheiro é necessário, mas, doado a um povo que não tem a mentalidade e a capacidade de produzir com técnicas novas, cria corrupção. Muitos países africanos têm mais de 50% de analfabetos, aplicam 2% da renda nacional na educação e 20% em armas, mas importam 30% dos alimentos que consomem. Aumentam os habitantes e a produção agrícola não aumenta na mesma proporção.
Vilões?
Segundo a FAO, os principais fatores que influenciam na atual carência alimentar são:
- aumento da demanda, oscilações no preço do petróleo, especulação e condições climáticas desfavoráveis.
Questiona- se sobre a responsabilidade dos biocombustíveis, cujas matérias-primas (cana, milho e outras) “roubam” o espaço de culturas destinadas ao consumo humano. Portanto, a “culpa” pelo descalabro é das grandes nações, sempre mais egoístas, ou das multinacionais, cada vez mais ávidas de lucro fácil, ou do sistema capitalista, ainda não totalmente domesticado.
A velha companheira
A atual crise não é a primeira e nem será a última. Há, pelo menos, 3.800 anos o Egito dos faraós foi dizimado pelas “sete vacas magras” e “sete espigas murchas”, conforme um relato bíblico (Cf Gn 41, 1-8). Outras crises (alimentares, éticas ou de outros valores sociais,…), geradas por um encadeamento de fatores, acompanharam a trajetória humana.
A superação de cada qual só foi possível com a adoção de remédios amargos:
- penitências, morte das oligarquias, contenção de recursos, campanhas de conscientização, vacinação em massa, “revolução verde”, …
Entretanto, as crises são cíclicas. Afastam-se, como ondas, para retornar em seguida. Apenas diques reforçados conterão suas investidas.
E agora, o que fazer com esta?
É um álibi fácil acusar de egoísmo as grandes nações ocidentais, as multinacionais, o sistema capitalista, se bem que, na maioria de suas cúpulas, assentam-se “cristãos”. E os que não estão no alto, são também “cristãos” tanto quanto eles?
Pe. Piero Gheddo, do PIME, é incisivo:
“A fome no mundo chama à consciência cada um de nós, o nosso estilo de vida egoísta e consumista”.
Certamente, o missionário tem em mente o grito de João Paulo II:
“Contra a fome, mude de vida!”.
Alertas anteriores vieram dos grandes profetas bíblicos.
O precursor do Cristo bradava:
“Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira…?” (Mt 3, 7)
A mesma expressão, utilizada mais tarde por Jesus, ajudaria a levá-lo ao calvário.
Aliás, ele provocava os religiosos de seu tempo:
“…por dentro estais cheios de rapina e de perversidades!” (Lc 11, 39).
No século IV, João Crisóstomo(a direita), a voz da consciência bizantina, apontava o dedo aos “cristãos” ricos:
- “O ouro que repousa em vossos altares pertence aos pobres” (Sermão 22).
Coração: a fonte de tudo
“O que sai da boca procede do coração e é isto que torna o homem impuro”, diz Jesus (Mt 15, 18).
Mas não é preciso recorrer ao evangelho para descobrir o valor do amor, gerado no coração.
Steve Jobs, fundador das multinacionais da informática Apple e Pixar, declarou:
“Às vezes, a vida bate com um tijolo na sua cabeça.
Não perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me permitiu seguir adiante foi o meu amor pelo que fazia. Você tem que descobrir o que você ama. Isso é verdadeiro tanto para o seu trabalho quanto para com as pessoas que você ama”
(Discurso de formatura da Universidade de Stanford).
O verdadeiro desenvolvimento
A mais autêntica revolução humana a fazer é estender este amor, expressado por Steven Jobs, a todas as pessoas da terra. É a revolução do coração.
Através dela, é possível surgir um “modelo de desenvolvimento” alternativo, segundo as palavras do Pe. Gheddo:
“O desenvolvimento é:
a) convencer-se que ele não é o contínuo crescimento econômico e a busca de um bem-estar mais opulento, mas é dar a todas as pessoas o necessário à vida;
b) não é suficiente ter dinheiro e máquinas; é preciso pessoas, porque o desenvolvimento é problema de educação, de formação das consciências, de evolução das culturas, de partilha. O nosso modelo atual é materialista, voltado a ter sempre mais, a melhorar o nosso nível de vida e de consumo. Impossível, com este ideal, sermos irmãos dos pobres”.
A voz da Igreja católica Na encíclica Redemptoris Missio lemos:
“O desenvolvimento do homem vem de Deus, do modelo de Jesus homem-Deus e deve levar a Deus. Eis porque entre anúncio evangélico e promoção humana existe uma estreita conexão”. Na raiz do subdesenvolvimento há mentalidades, culturas e religiões fundamentadas sobre visões inadequadas do homem e da mulher.
Os missionários dizem:
“Aqui só o Evangelho pode mudar estas situações desumanas de miséria e de ignorância”.
A bem-aventurada madre Teresa de Calcutá dizia:
“A maior desgraça da Índia é a de não conhecer Jesus Cristo”.
Ainda a Redemptoris Missio:
“O Evangelho é a primeira contribuição que a Igreja pode dar ao desenvolvimento dos povos”.
O Evangelho promove o desenvolvimento, esta a realidade dos fatos, confrontando com os povos subdesenvolvidos:
Os cristãos, em paridade de condições, desenvolvem-se antes dos outros.
O QUE VOCÊ PENSA?
A solução está nas mãos dos Estados, multi-nacionais, dos países ricos, da igreja, dos sindicatos. Ou será que o Papa tem razão quando diz "contra a fome, mude a vida."?
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